segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Jardim da Minha Avó... ou O Pé de Bife!



Eu devia ter uns 4 ou 5 anos no máximo. Morava na casa dos meus avós e vivia rodeando minha mãe e as minhas tias, ainda moças e que, para mim ao menos, estavam sempre fazendo ou dizendo coisas interessantíssimas.

Era uma casa de madeira com três quartos e um quintal enorme. Nessa casa, no interior do Paraná, havia um belo jardim cultivado com muito carinho pela minha avó. nhamos hortênsias azuis, um pinheirinho de natal enorme e até um pé de café. Tudo que poderia nascer e crescer na terra a minha avó metia ali no jardim, resultando numa verdadeira confusão de árvores, plantas e flores. Mas, por alguma razão, que desconheço, aquilo tudo harmonizava-se e o jardim era realmente muito bonito.

No jardim da minha avó vivi grandes aventuras. Passava a tarde toda entre as flores brincando e conversando com amigos imaginários. Eu gostava muito das margaridas e das roseiras e vivia me espetando nos espinhos.

Além do jardim, minha avó, que ainda hoje tem o costume de plantar um pé de árvore para cada filho, neto ou bisneto que nasce, está sempre às voltas com a sua horta no fundo do quintal. Em sua casa comemos as hortaliças sempre fresquinhas. Até uma plantação de mandioca ela anda cultivando.

Na manhã de um sábado ensolarado acordei e não encontrei ninguém na casa. Passei pela cozinha, apanhei um pãozinho de minuto, recém saído do forno, e comecei a chamar pela minha avó. Logo descobri que as mulheres da casa estavam todas no jardim, aguando as plantas e conversando.

Fiquei por ali ouvindo a conversa enquanto observava a destreza com que minha avó tirava os galhinhos e folhas secas de uma das plantas.

Em seguida minha avó e minha mãe entraram. Provavelmente já estavam preocupadas com os afazeres do almoço. Meu avô e meus tios chegavam por volta das onze horas para almoçar.

Assim que elas entraram, minhas tias começaram a falar sobre as flores: o quanto estavam bonitas e que minha avó tinha uma mão ótima para plantá-las. A conversa girava em torno disso quando a tia Isa falou:

- Eu queria saber como é um pé de pimenta do reino, pois eu nunca vi nenhum!
- E eu – disse a tia Ironí – queria saber como é um pé de cupuaçu.

Querendo entrar na conversa e ao mesmo tempo satisfazer minha curiosidade, saí-me com essa:

- Ah! Eu queria mesmo era saber como é um pé de bife!
- Um pé de bife?!- riram as tias espantadas.
- É! – respondi sem graça.

Então a tia Isa me explicou que não existia um 'pé de bife'. Fiquei intrigada quando ela disse que as carnes que eu via penduradas no açougue do seu Joaquim vinham das vacas.

Pensei em como era que as vacas produziam as carnes. Imaginei que deveria ser algo parecido com a produção do leite. Demorou ainda um bom tempo para eu descobrir toda a cruel verdade.


Fotos: acima a minha avozinha e sua plantação de mandiocas lá no Mato Grosso. No início ela e seu atual jardim recém iniciado.

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